Durante a pandemia a operadora retirou todos os telefones públicos das principais vias da zona sul. Os poucos que ainda restam estão quebrados há mais de dois anos. A operadora informou ainda que registrou na cidade de São Paulo, um crédito a cada 14 dias.
Se uma pessoa passar por uma situação de emergência e estiver sem o celular, ficará sem contato algum, pois não há mais orelhões nas principais vias da Cidade Ademar, Vila Joaniza, Pedreira, Vila Mascote, Vila Santa Catarina, ou seja, em toda a região e nas principais ruas e avenidas de São Paulo. A reportagem do jornal O Bairro Cidade Ademar tentou encontrar algum telefone público e não encontrou nenhum em funcionamento, os encontrados estavam dentro do Parque Nabuco, porém todos quebrados.
De acordo com a Vivo a distribuição de telefones públicos (TUPs) segue a determinação legal (Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações – MCTIC) e regulatória (Agência Nacional de Telecomunicações – ANATEL). Segundo a operadora, com as novas tecnologias de comunicação, em especial o massivo uso serviço móvel e a crescente demanda por uso de dados e expansão da rede 4G, a utilização dos orelhões está em acentuado declínio.
A empresa informa que atualmente, a cidade de São Paulo possui 6.952 telefones públicos ativos e que, no período de janeiro de 2021 a janeiro deste ano, os telefones de uso público do Estado de São Paulo tiveram, em média, utilização de um crédito a cada 14 dias, sendo que mais da metade não teve utilização alguma. Neste sentido, observa-se que só no último ano o uso caiu mais de 50%, mostrando o desinteresse pelo serviço.

O fim dos telefones públicos, conhecidos popularmente como “orelhões”, está próximo. O decreto 9.619/2018 assinado pelo então presidente Michel Temer, ainda em 2019, está sendo mantido pelo presidente Jair Bolsonaro. A resolução estabelece sobre o Plano Geral de Metas para a Universalização do Serviço Telefônico Fixo Comutado Prestado no Regime Público (PGMU), a troca da instalação e manutenção de telefones de uso público por tecnologia de telefonia móvel 4G em áreas sem cobertura do serviço. Pela nova lei, de acordo com o PGMU aprovado, os ‘orelhões’, instalados em locais com até trezentos habitantes deverão ser mantidos, mesmo que sem demanda.
Dessa forma, a operadora “lava as mãos” diante da telefonia pública, e retira os equipamentos das vias. Os orelhões instalados no Brasil popularmente a partir de 1972, pois antes, os telefones públicos ficavam dentro dos comércios.
História – Projetado pela arquiteta e designer brasileira, nascida na China, Chu Ming Silveira, os “orelhões”, foram lançados no país em quatro de abril de 1972, inicialmente nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo. Sucesso do design levou o projeto para toda a América Latina, como Peru, Colômbia e Paraguai, em países africanos como Angola e Moçambique, na China e em outras partes do mundo.
De acordo com o aposentado José Silveira, 68 anos, morador do Jardim Miriam, os telefones públicos fazem falta, pois não possui celular. “Sempre andava com um cartão e gostava ainda de colecioná-los, é uma pena”, comentou. A dona de casa Cimira de Souza Pires tem a mesma opinião. “Eu não gosto de celular, mas gostava de usar o telefone público quando estava na rua e iria atrasar”, relatou.
A reportagem ouviu vários proprietários de bancas de jornais na região da Cupecê e todos afirmaram que muitas pessoas ainda procuram por cartões telefônicos, mas em nenhuma delas há o produto. A reportagem foi ainda até o Shopping Praça da Moça verificar se os orelhões estavam funcionando e todos estavam inoperantes há dois anos.
A reportagem ainda entrou em contato com a Anatel, mas até o final desta reportagem a empresa não deu nenhum retorno.